Cinzas de nos

Inventei a lua
por pensar que a tua
sombra poderia ser iluminada como são os sonhos das pessoas e animais.

Inventei o sol
para que o ensinasses a ter
o brilho do teu olhar
partilhando-o por todos os cantos existentes.

Pedi ao mar
uma estrela
e beijei-a
e estilhaçei-a
em mil pedaços
e joguei-os
para o céu escuro
para que te lembrasses que em cada ponto
luminoso
existe -ainda- um beijo meu para ti.

No entanto, tu apoderaste-te do dom da natureza e

Inventaste o vento
sopraste as minhas certezas para longe.
Inventaste o gelo
e congelaste o sentimento
não o fazendo desaparecer.
Inventaste as nuvens
para esconder o sol, a lua e os meus beijos perdidos.

Aprendi eu contigo e

Inventei o fogo
destruí tudo à minha volta
as árvores mais antigas
as flores mais frágeis
os arbustos de sempre.
Derreti o teu gelo e
salvei o pobre sentimento do frio.
Tornei o teu vento seco
tão seco
que parou de soprar.

Olhei em meu redor.
Olhaste comigo.

Inventámos nós as cinzas
e tudo o que resta do que um dia fomos.